segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Momentos de Solidão



Quem de nós não teve um momento de extrema dor?
Quem nunca sentiu, nalgum momento da vida, vontade de desistir?
Quem ainda não se sentiu só, extremamente só, e teve a sensação de ter perdido a morada da esperança?
Nem mesmo as pessoas famosas, ricas, importantes, estão isentas de terem os seus momentos de solidão e de profunda amargura...
Foi o que ocorreu com um dos mais reconhecidos compositores de todos os tempos, chamado Ludwig Van Beethoven, que nasceu no ano de 1770, em Bonn, na Alemanha, e faleceu em 1827, em Viena, na Áustria...
Beethoven vivia um desses dias tristes, sem brilho e sem luz. Estava muito abatido pelo falecimento de um príncipe da Alemanha, que era como um pai para ele...
O jovem compositor sofria de grande carência afectiva. O pai era um alcoólatra inveterado e agredia-o fisicamente. Faleceu na rua, por causa do alcoolismo...
A sua mãe morreu muito jovem. O seu irmão biológico nunca o ajudou em nada, e, some-se a tudo isto, o facto da sua doença agravar-se. Sintomas de surdez, começavam a perturbá-lo, ao ponto de deixá-lo nervoso e irritado...
Beethoven somente podia escutar usando uma espécie de trombone acústico no ouvido. Ele carregava sempre consigo uma tábua ou um caderno, para que as pessoas escrevessem as suas idéias e pudessem comunicar, mas elas não tinham paciência para isto, nem para ler os seus lábios...
Notando que ninguém o entendia, nem o queriam ajudar, Bethoven retraiu-se e isolou-se. Por isso conquistou a fama de misantropo.
Foi por todas estas razões, que o compositor caiu em profunda depressão. Chegou a redigir um testamento, dizendo que se iria suicidar...
Mas como nenhum filho de Deus está esquecido, vem a ajuda espiritual, através de uma rapariga cega, que morava na mesma pensão pobre, para onde Beethoven se tinha mudado e lhe diz quase gritando:
“Eu daria tudo para ver uma Noite de Luar”
Ao ouvi-la, Beethoven emociona-se até as lágrimas. Afinal, ele podia ver! Ele podia escrever a sua arte nas pautas...
A vontade de viver volta-lhe renovada e ele compõe uma das músicas mais belas da humanidade:
“Sonata ao Luar”
No seu tema, a melodia imita os passos vagarosos de algumas pessoas, possivelmente, os dele e os dos outros, que levavam o caixão mortuário do príncipe, seu protector...
Olhando para o céu prateado de luar, e lembrando-se da rapariga cega, como a perguntar o porquê da morte daquele mecenas tão querido, ele deixa-se mergulhar num momento de profunda meditação transcendental...
Alguns estudiosos de música dizem que as três notas que se repetem, insistentemente, no tema principal do 1º movimento da Sonata, são as três sílabas da palavra “why”? ou outra palavra sinónima, em alemão...
Anos depois de ter superado o sofrimento, viria o incomparável Hino à Alegria, da 9ª sinfonia, que coroa a missão desse notável compositor, já totalmente surdo.
Hino à Alegria expressa a sua gratidão à vida e a Deus, por não se haver suicidado...
Tudo graças àquela rapariga cega, que lhe inspirou o desejo de traduzir, em notas musicais, uma noite de luar...
Usando a sua sensibilidade, Beethoven retratou, através da melodia, a beleza de uma noite banhada pelas claridades da lua, para alguém que não podia ver com os olhos físicos.

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